Jair Bolsonaro falou demais. E isto será um problema que teremos que conviver pelos próximos anos. Pelo jeito, ele não tem muito freio na lígua. Falou demais e provocou a saída dos médicos cubanos do Brasil. Mesmo não tendo nenhum médico cubano aqui em Itararé, é um assunto que tenho uma opinião a respeito. E é um problema que poucos falam sobre a verdadeira causa. Assim como no caso do maior problema do Brasil, este também é um problema que a mídia em geral mais desinforma do que informa.
Fato cubano
Todo o esquema montado pelo Fidel Castro veio à tona agora. Com diz a Bíblia, não há segredos debaixo do sol. Tudo vem, ou virá à tona. Para os padrões brasileiros, o sistema é vergonhoso. Todo um aparato, uma organização montada com escravos cubanos para financiar um governo falido. 75% do salário fica com o governo. Trazer família, nem pensar. Pra mim, isto só tem um nome. Escravidão.
Nada contra os profissionais cubanos. Muito pelo contrário. Só elogios a eles. Mas é evidente que é um sistema de exportação de escravos. Só que agora, escravos qualificados. E e lucro do trabalho desses escravos vai pra Cuba.
Fato brasileiro
Mas existe o lado brasileiro da história. O fato de existirem poucos médicos no Brasil. Tem cerca de 2,16 médicos por habitante (dados de 2010). Estamos atrás do Azerbaijão, que tem 3,55 por mil habitantes. E o pior, no Maranhão, a média é de 0.85 médicos por mil habitantes. Ou seja, os médicos estão muito concentrados nas capitais, e no interior as pessoas morrem por falta de assistência.
Quem primeiro tocou nesta ferida foi o Alexandre Padilha, ministro da saúde entre 2011 e 2014. Este é um cara que está no meu Hall da Fama. Sem dúvida, por ter tocado neste problema, mas também por ter tido a coragem de levar sua esposa para um hospital do SUS enquanto era ministro da saúde. Se todos os políticos usassem só os serviços públicos, o Brasil seria outro.
Mas existe uma agência que trabalha contra a saúde do brasileiro. Chama-se Conselho Federal de Medicina. E as suas organizações filhas, os Conselhos Recionais de Medicina. Estas organizações estão lá só para proteger os médicos e atrapalhar a saúde.
Ato Médico
Se tem falta de um profissional no mercado, você procura outros para substituir o primeiro. E o SUS tenta por décadas qualificar o trabalho do enfemeiro para cobrir a falta dos médicos. Desde a criação do Programa de Saúde da Família (hoje chamado de Estratégia Saúde da Família), o CFM trabalha contra. Ainda na época do Sr. José Serra como ministro da saúde.
Neste programa, o paciente faz consulta tanto com o médico quanto com o enfermeiro da equipe. Muitas vezes, o enfermeiro conhece mais o paciente que o próprio médico. Além disto, há o prontuário que dá suporte para a prescrição de novas receitas de remédios que o paciente já toma. Opa! Enfermeiro prescrever um remédio! Não pode! É quase um crime para a saúde, segundo o CFM. Mesmo que este remédio seja de uso contínuo, que o paciente já o tome, e que o remédio possa ser comprado em qualquer farmácia sem receita. O paciente só quer ir na Farmácia Popular e pegar o remédio que ele já toma.
Originalmente, o programa incluía uma série de fluxogramas onde o enfermeiro podia prescrever remédios e procedimentos para os casos mais simples. E estes fluxogramas haviam sido montados por profissionais do próprio ministério da saúde. Não era algo que o enfermeiro tirava da cabeça. Pois bem, o CFM conseguiu derrubar tais fluxogramas.
Se tem falta de médicos, vamos abrir mais cursos de medicina. Mimimi do CFM. Conseguiu proibir a abertura de novos cursos de medicina, e [IMPEDIR A CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS NOS CURSOS JÁ EXISTENTES NAS FEDERAIS!] (https://educacao.estadao.com.br/noticias/geral,mec-anuncia-congelamento-de-vagas-de-medicina-para-instituicoes-publicas-e-particulares,70002255976). Me desculpe, mas isto é pra ajudar a saúde no Brasil? Creio que não. É só para proteger o status que o médico tem no Brasil.
‘Se eu fosse presidente…’
Se eu fosse presidente, implantaria prova de qualificação para todos os cursos, nos moldes da OAB. Para exercer qualquer profissão, a pessoa tem que passar numa prova (com qualquer número de etapas, sei lá). E a prova seria a mesma para quem se formou no Brasil ou no exterior. Simples assim.
Qualquer pessoa poderia abrir uma faculdade de qualquer curso. Não precisaria de autorização de nenhum órgão para isto. Se o curso for bom, os alunos passarão nas provas de qualificação. Se o curso for ruim, os alunos não passarão. E esta prova teria que ser refeita periodicamente. Sei lá, de 5 em 5 anos.
Apontando a metralhadora para outra direção
Espero que estes fatos cheguem ao conhecimento do futuro presidente. Para resolver o problema da saúde do Brasil, além de mais dinheiro, ele terá que enfrentar o CFM. E isto não será fácil. Espero que ele solte muitas e muitas pérolas que minem o poder deste grupo de pessoas que não lutam pela saúde, e sim, pelo seu próprio status.